terça-feira, 21 de abril de 2009

Caminhos de Deus

Linda Valentine* era uma modelo famosa. No entanto, apesar do dinheiro, da fama e do glamour, ela sentia um vazio que a corroia por dentro. Havia uma sensação de desconforto da qual ela não conseguia se livrar, uma inquietação do espírito que a enchia de pavor e ansiedade. À noite era atormentada pela insônia. Começou então a consultar os amigos sobre as vantagens de tomar medicamentos.
Alguns apressaram-se em concordar, outros propuseram terapias alternativas. Linda teve alguma melhora e, naquele momento, realizou grandes conquistas, assinando contratos com que vinha sonhando havia anos. No entanto, apesar da súbita realização das suas maiores ambições, sua angústia voltou a dominá-la. Sua alma continuava atormentada.
Um dia de manhã, ela seguia pelo trajeto costumeiro até o trabalho, pela avenida principal, quando o transito parou. Um encanamento de água se havia rompido e o trânsito estava sendo desviado para uma ruazinha obscura pela qual ela nunca havia passado antes. Enquanto seguia lentamente pela rua desconhecida, ela percebeu uma pequena igreja com um cartaz escrito à mão que dizia: “Sem Deus, não há paz. Conheça Deus, conheça a paz. Todos são bem vindos”. “Hum que esquisito”, pensou ela.
Na manhã seguinte, Linda seguia mais uma vez pela avenida principal a caminho do trabalho, quando, pelo segundo dia consecutivo, o transito parou. Havia um incêndio numa das lojas ao longo do bulevar e carros do corpo de bombeiros vinham de todas as direções para o locar. Policiais interditaram a área e desviaram o trânsito para a mesma ruazinha do dia anterior. “Ai não!”, gemeu Linda. “De novo não!” Mais uma vez ela passou pela pequena igreja. Desta vez, o cartaz pareceu atraente, não esquisito. Por um instante, ela acreditou que ele a estava convocando para entrar. “Que imaginação a minha!”, disse ela rindo e se censurando por sua queda para o melodrama. Mesmo assim, de dentro do carro, ela espiou a igreja, procurando ter um vislumbre do se interior. Seu olhar parecia ansiar por alguma coisa.
No dia seguinte, ela pensou em mudar de trajeto, mas disse a si mesma que estava sendo boba. Afinal de contas, qual era a probabilidade de uma calamidade ocorrer na mesma rua três dias seguidos? – Este vai ser um teste – disse ela a si mesma, rindo. – Se houver algum desastre e o trânsito for desviado para aquela mesma rua terei certeza de que é um sinal!
Quando ela entrou na avenida, ficou perplexa. O trânsito estava parado ao longo de muitos quarteirões. “Um grande acidente”, explicou o policial em tom de desculpas, desviando o trânsito novamente, pela terceira vez seguida, para a mesma ruazinha.
- Chega! – exclamou Linda. Estacionou o carro e entrou na igreja, onde havia apenas um padre. Ele ergueu os olhos pra ela, com um sorriso. O que a fez demorar tanto? – perguntou ele.
Ele havia visto o carro de Linda passar por ali nos dois dias anteriores e havia percebido seu olhar ansioso. Os dois conversaram muito e ela passou a fazer parte da congregação. Isso foi há 18 anos, e ela está ali desde aquela época, tendo encontrado a paz e a serenidade que lhe escapavam em outros lugares. Exatamente como o cartaz prometia, o que ela realmente precisava na vida era de Deus. E afinal de contas, não foi Deus quem a mandou até ali?

Extraido do livro: Pequenos Milagres. Coincidências extraordinárias do dia-a-dia (Yita Halberstam e Judith Leventhal)

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